terça-feira, 20 de maio de 2008

Simplesmente o Mar...


A noite estava instalada,
A cidade adormecia,
Embalada por um som de fundo,
Trazido por um vento manso,
Apaziguado de sua ira.

Eu, apurava os sentidos e ouvia,
Tinha mesmo quase a certeza,
Era o murmúrio do mar,
Que quase não escutava,
Tal era a tristeza de que padecia.
Ágil, corri para junto dele,
Para lhe levar um pouco de alegria.

Escutei os seus segredos,
Atentei a seus lamentos,
Vivemos momentos intensos,
De cumplicidade e partilha.

Era amor à primeira vista,
O que entre nós acontecia.
Tanto ele me cativou,
Com seu mistério e encanto,
Que selámos um pacto,
Seria o mar doravante,
Meu eterno namorado.

Hoje, companheiros inseparáveis,
Para o que nos venha a restar da vida,
Sempre que escuto um murmúrio,
Em jeito de desabafo,
Desato logo a correr,
Para secar as lágrimas ao mar,
Para sua tristeza desvanecer.

E neste ritual nos cumprimos,
Dá-me o mar um beijo intenso, molhado,
Dou-lhe eu uma carícia suave, um sorriso,
É tudo quanto nos basta,
Para ficarmos os dois num instante,
De novo muito felizes!

Beatriz Barroso

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